quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Chalá


Chalá é um pão utilizado na maioria dos rituais judaicos. Toda 6a feira, no shabat, deve-se comer chalá. Nessas ocasiões, o pão é em formato de trança. No ano-novo judaico (que não tem data certa por ser marcado em calendário lunar, cai em meados setembro) a chalá adquire formato redondo, assim como outras coisas que devemos comer nesse período (ovo cozido, por exemplo). O formato redondo nos lembra que na vida oa eventos não têm início e fim demarcado; normalmente início e fim se confundem, e o fim de um ciclo marca o início de outro. Justamente como o ano que termina se confunde com o ano que vai se iniciar. Trata-se de uma festa alegre, pra se comemorar em família depois de ir à sinagoga pedir por um bom ano para todos os nossos entes e agradecer tudo o que recebemos. Além de alimentos redondos, comemos alimentos doces (com o desejo de que o ano seja tão doce quanto eles). O período de 10 dias entre o ano novo e o dia do perdão deve ser dedicado à reflexão e pedido sincero de desculpas a qualquer um que possamos ter prejudicado, para finalmente começarmos o ano de alma lavada.
Já faz alguns anos que eu sou a fornecedora oficial de chalá redonda da família, e finalmente chegou a época! Estarei na Europa na data, e como esse pão congela MUITO bem, deixei todas prontinhas no freezer da minha mãe (separamos algumas pra comer antes da hora, é claro!).
A receita foi divulgada pela mãe de um colega meu de primário, que levava as melhores chalot (esse é o plural correto de chalá) da turma no colégio.
Ingredientes:
1 lata de Leite Moça
1 lata de água morna (medida da lata de Leite Moça)
1/2 lata de óleo (medida da lata de Leite Moça)
3 tabletes de fermento biológico
4 ovos
1 colher de café de sal
+-1kg de farinha (aconselho a ter no mínimo 1,5kg em casa)
Gemas para pincelar
Modo de fazer:
-Bata no liquidificador todos os ingredientes menos a farinha
-Despeje a mistura numa tigela grande, e vá acrescentando a farinha aos poucos, misturando com as mãos até incorporar a cada adição. Normalmente preciso de um pouco mais de 1 kg até dar o ponto certo. Esse ponto é quando a massa deixa de ficar melequenta demais, e fica mais fácil de desgrudar das mãos (tá, difícil explicar - aprendi com a experiência mesmo).
-Deixe descansar (cubra com um pano de prato) por no mínimo duas horas. A massa vai dobrar de tamanho.
-Divida a massa em 4 (originalmente uma receita dá pra fazer 4 chalot grandes, mas quase sempre eu me desligo dessa regra e faço 12 pequenas). Se for trançar, divida cada um dos 4 pedaços em 3 e trance como um cabelo. Uma parte das chalot eu fiz assim, e depois enrosquei a trança em formato circular. Fica mais irregular. As que eu não trancei, simplesmente fiz um minhocão em fui enrolando como um caracol.
-Coloque numa assadeira com um bom espaço entre elas, pois crescem muito (geralmente faço em mais de uma fornada). Pincele as chalot com gema de ovo em toda a superfície. Antes eu colocava sementes de papoula sobre elas (depois de pincelar, senão não gruda). Fica uma delícia, mas a comercialização está proibida no Rio de Janeiro (quiçá no Brasil?) porque usavam pra fazer entorpecentes...
-Leve ao forno médio (180o) pré-aquecido até crescer e dourar (leva mais de 1 hora).
-Fica fofinha e deliciosa pra comer com manteiga ou geléia (ou mel, como em nossos rituais). Pra congelar: espere esfriar totalmente e coloque em saco plástico vedado (retire o ar antes de fechar). Para descongelar, retire do freezer 12 horas antes do consumo. Não precisa de forno.
As chalot que fiz trançando e depois enrolando:

2 comentários:

  1. Além de ser realmente deliciosa, tem um sabor especial porque foi feita com muito amor e carinho.
    Muito obrigada filhota! Divirta-se muito nas tuas merecidas férias!

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  2. Tudo bastante inspirado em vc!
    beijos e miss you too.

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